A legislação vigente define rádio
comunitária como uma emissora de baixa potência e cobertura restrita,
sem fins lucrativos ou vínculos partidários e religiosos, que serve de
canal de comunicação dentro de uma comunidade para a difusão de ideias,
elementos de cultura, tradições e hábitos (Lei 9.612/1998). Apesar da relevância social, muitas dessas rádios encontram dificuldades para se manter em funcionamento.
Garantir a subsistência financeira dessas
emissoras é o objetivo de dois projetos que aguardam definição no
Senado. O primeiro, o PLS 524/2007,
do senador licenciado Marcelo Crivella (PRB-RJ), permite às rádios
comunitárias transmitir publicidade comercial, desde que restrita aos
estabelecimentos das comunidades atendidas. O outro, PLS 629/2011, do senador Paulo Paim (PT-RS) inclui essas emissoras na Lei de Incentivo à Cultura (Lei 8.313/1991).
Os projetos tramitam em conjunto depois da aprovação de requerimento
nesse sentido apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) no final do
ano passado.
Carência de recursos
Marcelo Crivella observa que as rádios
comunitárias prestam um grande serviço às comunidades mais carentes,
mas sobrevivem à custa de “esmolas”. Por isso, identificou a
necessidade de permitir a veiculação de propaganda e publicidade em sua
programação. De acordo com o PLS 524/2007, que abre essa possibilidade,
o tempo de propaganda e publicidade na programação da emissora
comunitária será limitado a dez minutos, diariamente.
“O fato de as rádios comunitárias estarem
vinculadas a instituições sem fins lucrativos, não significa que elas
não possam captar recursos para sua própria sobrevivência, via comércio
de publicidade local”, justifica Crivella.
O autor da proposta também observa que a
legislação é extremamente rigorosa com as rádios comunitárias. "Talvez
por isso, das cerca de 15 mil rádios existentes, apenas 3 mil estejam em
situação legal. O restante opera de forma marginal", acrescentou, na
justificação do projeto.
A solução encontrada pelo senador Paulo
Paim (PT-RS) foi estimular a participação da iniciativa privada no setor
por meio da Lei de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei
Rouanet. É o que propõe o PLS 629/2011. Pelo projeto, cidadãos (pessoas
físicas) e empresas (pessoas jurídicas) podem aplicar parte do Imposto
de Renda devido nas rádios comunitárias, assim como já ocorre com ações
culturais como peças de teatro e shows.
Paim ressalta que a questão do
financiamento das atividades das rádios comunitárias nunca foi
equacionada adequadamente. “A legislação em vigor admite apenas o
patrocínio como apoio cultural de estabelecimentos situados na área da
comunidade. Isso não é suficiente para atender às necessidades das
rádios comunitárias”, argumenta.
Tramitação
O PLS 629/2011 já havia sido aprovado pela
Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática
(CCT) e contava com parecer favorável na Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE), mas, em virtude da aprovação do requerimento de tramitação
conjunta com o PLS 524/2007, foi dado novo despacho.
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) ficou
encarregada de elaborar relatório sobre os dois projetos na CAE. Essas
propostas ainda precisarão ser analisadas pela Comissão de Educação,
Cultura e Esporte (CE) e, depois, pela CCT, onde deverão ter decisão
final.
Fonte: Agência Senado